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quarta-feira, 21 de março de 2012

Safe As Milk | Captain Beefheart And His Magic Band (1967)



Don Van Vilet era um cantor, mas também tocava harmônica e, às vezes, tocava sax de uma maneira totalmente sem didática, num estilo free jazz. Era também amigo de infância de Frank Zappa. Conhecido como Captain Beefheart, se uniu a então recém-formada banda Magic Band, e logo assumiu a liderança do grupo, que tinha suas raízes no blues e no rock.

Safe As Milk é o álbum de estreia da banda, e conta com a participação do lendário guitarrista Ry Cooder, então com 20 anos de idade.


O livro diz que:
Talvez o ar comportado que o Capitão e dua tripulação apresentam na capa não pareça revolucionário hoje, mas, em 1965 e 1966, enquanto o R&B inglês era a tendência musical do underground nos Estados Unidos, e os Beatles e o selo de música negra Tamla mandavam nas rádios, Safe As Milk era um must para os amantes da música experimental.

Don Van Vilet, a.k.a. Captain Beefheart


Concluindo
Eu tenho um certo receio desta palavra "experimental". É muito fácil classificar como experimental aquilo que é novo, ou inovador. Criar não deixa de ser uma forma de experimentar, eu sei. Mas aí a gente acaba jogando tudo num mesmo balaio com um rótulo de experimental, e talvez não seja bem assim. 

Não sei se "experimental" é bem a palavra pra descrever Safe As Milk. Freak Out!, pra mim, é um disco experimental. Já em Safe As Milk, eu achei as referências da banda tão, tão claras que não sei se dá pra encarar isso como experimentalismo. Você ouve rock, folk, blues e soul de uma maneira muito clara no disco, mesmo que, de certa forma, com uma roupagem nova. O que não desqualifica o álbum de forma alguma. Achei Safe As Milk um disco bem legal.

E qual não foi minha surpresa quando, no final das minhas pesquisas pra escrever o post, eu descobri que sim, já tinha ouvido falar desse disco? Adivinha onde?



segunda-feira, 19 de março de 2012

Buffalo Springfield Again | Buffalo Springfield (1967)



Talvez em algum filme em que a estória aconteça na década de 60 (um deles é Forrest Gump), você já tenha ouvido esta música:





"For What It's Worth" foi o hit com o qual a banda Buffalo Springfield estourou no final dos anos 60. O single vendeu milhões de cópias e se transformou em uma espécie de hino daquela época conturbada.

Formado em 1966, o Buffalo Springfield teve grande sucesso com sua mistura de country, rock e folk num som próprio. No entanto, devido a brigas internas, problemas com drogas e diversas mudanças de line-up, a vida do grupo foi curto, e menos de dois anos depois de seu surgimento, a banda já estava separada. Mesmo com uma vida tão curta, foi uma das maiores influências de seu tempo. Entre os músicos da banda estavam Neil Young e Stephen Stills, que mais tarde formariam o grupo Crosby, Stills, Nash & Young.

Buffalo Springfield Again é o segundo disco de estúdio da banda. Dizem que as gravações do álbum foram conturbadas, pois Neil Young estava quase sempre ausente e, além disso, o grupo tinha problemas para manter um baixista permantente (Bruce Palmer, o primeiro baixista da banda, passou a maior parte das sessões de gravação detido por problemas com drogas). Mesmo com estes problemas, o disco é considerado por muitos como o melhor da banda, e ocupa o 188° lugar na lista dos 500 Melhores Discos de Todos os Tempos da revista Rolling Stone.

O livro diz que:
A combinação das raízes folk-rock e country do Springfield com um rock mais pesado seria de grande influência para a próxima geração de grupos de rock da Costa Oeste - mais especificamente os Eagles.




Concluindo
Acho bacana como a banda mistura diversas referências musicais como o rock, o folk, o country, o jazz e o soul num mesmo disco sem perder sua identidade. Por mais que viajem em diversos gêneros, o toque da banda está sempre presente, e este é o grande diferencial deles.

O disco começa com a ótima e incendiária "Mr. Soul". Depois fica um pouco mais calmo, com a quase totalmente country "A Child's Claim To Fame" e "Everydays", que - na minha opinião - tem um pezinho no jazz. "Expecting To Fly" é uma faixa que, pra mim, tem a cara do Neil Young que eu conheço de "Harvest Moon" e outras. Em "Good Times Boy", o Buffalo experimenta um pouquinho de soul. O álbum termina com "Broken Arrow", uma piração de Neil Young que mistura efeitos sonoros e arranjos eruditos ao som característico da banda.

Tudo isto posto, não vou mentir: achei Buffalo Springfield Again um disco bem bacana, mas nada assim... de outro mundo. Entende?

quarta-feira, 14 de março de 2012

Electric Music For The Mind And Body | Country Joe And The Fish (1967)





Após um tempo servindo à Marinha, o militante de esquerda Joe McDonald (que foi batizado de Joseph por seus pais em homenagem a Stalin) chegou a São Francisco pra estudar, que na época era um celeiro de estudantes radicais movidos a drogas e política. Joe rapidamente se viu inserido no cenário folk do local, juntando-se à Instant Action Jug Band, que mais tarde mudou de nome para Country Joe And The Fish (nome que faz referência a Stalin e Mao).

Em 1967, teve início o Verão do Amor. Sua origem vem de uma passeata pela paz que aconteceu no dia 15 de abril em New York e reuniu astros do rock, romancistas premiados, professores rebeldes e pessoas simples da classe média norte-americana, num total de aproximadamente 300 mil pessoas. Depois disso, comunidades hippies começaram a surgir em diversas cidades dos Estados Unidos e Europa. A maios e mais importante delas foi a de Haight-Ashbury, em São Francisco, onde jovens que viviam ali temporariamente se expressavam através da música, das drogas e do amor livre. A oposição à Guerra do Vietnã foi um impulso para que inúmeras pessoas buscassem valores e estilos de vida alternativos.

Foi nesse contexto que Electric Music For The Mind And Body foi lançado. O movimento psicodélico ainda engatinhava, e o disco da banda de "Country" Joe McDonald e Barry "The Fish" Melton abriu caminho para muitos que ainda estavam por vir.

O livro diz que:
Entrelaçando humor ácido em seus ácidos ritmos, Electric Music... é um dos discos mais coerentes do Verão do Amor e da geração hippie; as guitarras alternam efeitos suaves e golpes no cérebro; as letras contêm ataques satíricos a Lyndon Johnson ("Superbird") e épicos resolutos sobre drogas ("Bass Strings"); há blues, folk e rock para todos os gostos. E, no rastro deste álbum, o humor do país, sua juventude e sua música  mudaram completamente. Nada mal.




Concluindo
Eu consigo imaginar claramente uma sala cheia de hippies viajando depois da última dose de LSD ou o que quer que seja enquanto escutam esse disco. O que não é ruim, considerando a época em que ele foi lançado. É quase como dizer que, sei lá, o disco cumpriu seu objetivo.

O som de Country Joe And The Fish é bem bacana. Os caras fazem blues do bom quando querem fazer, e também conseguem pirar de um jeito bem bacana. Algumas músicas, como "Flying High", "Sad Lonely Times", "Not So Sweet Martha Lorraine" e "Superbird" têm uma pegada mais pop. Outras, como "Bass Strings", "Grace" e "Section 43", são pura experimentação e psicodelia. Gostei bastante de "Death Sound Blues", que me fez pensar em filmes de western, não me perguntem porquê. Talvez tenha sido o som da meia-lua, que me lembrou também aquele chocalho da cobra cascavel. Vai ver eu entrei na vibe do Verão do Amor e viajei também.

Enfim, achei Electric Music For The Mind And Body um disco bem bacana. Gostei bastante da mistura de guitarras distorcidas com órgão. Vale a pena ouvir.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sgt. Pepper's Lonely Heart Club Band | The Beatles (1967)



Reza a lenda que quando Paul McCartney ouviu Pet Sounds, dos Beach Boys, ele levou o álbum ao estúdio e disse: "Quero igual". Não sei se é verdade ou se é apenas mais um "causo" da história da música, mas não deixa de ser interessante - e totalmente compreensível.

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band foi gravado quando a Beatlemania passava por uma fase ruim. John Lennon havia declarado que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo, o que obviamente desagradou muita gente. Como consequência, a banda não foi bem recebida em várias cidades por onde passou, chegando a enfrentar tumultos na Filadélfia. Isso fez com que os integrantes decidissem se tornar uma banda de estúdio, e não mais sair em excursão.

O que para muitos críticos significava o fim da banda acabou se transformando em um dos melhores e mais importantes discos da história da música. Pela primeira vez em sua carreira, os Beatles tiveram mais tempo para dedicar à gravação de um álbum. Seus integrantes tinham desenvolvido outros interesses musicais, e puderam explorá-los em Sgt. Pepper's. As músicas incorporam diversas influências, e instrumentos novos, como o órgão hammond, a harpa e cítara aparecem em algumas canções.

Até hoje, 45 anos após seu lançamento, Sgt. Pepper's ainda é considerado um álbum inovador, desde suas técnicas de gravação até sua capa, desenhada pelo artista Peter Blake, unindo personalidades influentes (Marilyn Monroe, Cassius Clay, Marlon Brando, Karl Marx, Fred Astaire, Shirley Temple, Edgar Allan Poe, Lewis Carroll, Mae West, Oscar Wilde e muitos outros) a estátuas de cera dos Beatles.

A capa de Sgt. Pepper's é um dos principais elementos da "teoria da conspiração" que envolve a suposta morte de Paul McCartney. Há quem diga que a capa do disco representa um funeral, já que na parte inferior há o que parece ser uma tumba adornada por flores, com um contrabaixo (também feito de flores) com apenas três cordas, o que demonstra que falta um Beatle. Além disso, antes da música "With A Little Help From My Friends", ouve-se um coro introduzindo Billy Shears, que é o tal sósia que teria assumido o papel de Paul McCartney. Outra mensagem sobre a morte de Paul estaria na música "Lovely Rita", que fala sobre uma meter maid (inspetora de parquímetros): dizem que o baixista do Beatles teria morrido em um acidente de carro por não ter prestado atenção nas luzes do semáforo quando estava admirando uma meter maid.

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band vendeu 250.000 cópias na Grã-Bretanha apenas na primeira semana após seu lançamento, e chegou a ficar por cerca de 6 meses no primeiro lugar da lista dos discos mais vendidos. Além disso, foi o primeiro disco da história a ganhar os Grammys de Melhor Álbum do Ano, Melhor Álbum Contemporâneo, Melhor Capa e Melhor Engenharia de Som.


O livro diz que:
O álbum causou um impacto sem precedentes. As rádios o tocaram dias a fio. O crítico Kenneth Tynan, do The Times, o classificou como "um momento decisivo na história da civilização ocidental". Essa hipérbole já não se aplica, mas ficou um pop perfeito, no qual a ousadia e a música se mesclaram para sempre.




Concluindo
A primeira vez que ouvi Sgt. Pepper's foi quando eu tinha 16 anos. Meu amigo Nílbio Thé me emprestou a versão em CD. O Nílbio era uma das minhas companhias favoritas na sala de aula: passávamos aulas e mais aulas jogando o jogo dos pontinhos (aquele em que você tem que formar quadrados ligando os pontos) e falando sobre bons filmes e boa música. Foi o primeiro disco dos Beatles que eu ouvi inteiro, de cabo a rabo. Durante todo o tempo que o CD do Nílbio ficou comigo, ouvi esse disco inúmeras vezes. Até hoje, continua sendo um dos meus álbuns favoritos.

Não tem uma faixa sequer de Sgt. Pepper's que eu considere ruim, ou mais ou menos. Pra mim, o disco todo é excelente. Desde o animado início com "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" - que te convida a entrar no universo do álbum - até o desfecho com "A Day In The Life" e a incrível reprodução de uma espécie de decolagem ou aterrissagem de um avião.

"Lucy In The Sky With Diamonds" e "Fixing A Hole", são, sem a menor dúvida, uma viagem. Impossível não imaginar nem por um segundo que seja dentro de um barco num rio com árvores de tangerina e céus de marmelada. "With A Little Help From My Friends" é um hino sincero à amizade, sem pieguices (e que seria imortalizado por Joe Cocker em Woodstock). Em "She's Leaving Home", os vocais que remetem aos Beach Boys se unem em perfeita sintonia a um arranjo mais erudito, com instrumentos de corda e harpa. Os Beatles mostram que também sabem fazer jazz em "When I'm Sixty Four", um delicioso ragtime. E George Harrison (meu Beatle favorito!) manda ver nas influências indianas na sensacional "Within You Without You".

Sgt. Pepper's é um daqueles discos que eu sei que nunca vou me cansar de ouvir. E que sempre vai me causar o mesmo impacto de quando eu tinha 16 anos e o ouvi pela primeira vez. Acho que os Beatles transcenderam o conceito de uma mera obra musical, onde diversos gêneros e influências se encaixam perfeitamente, fazendo do disco uma verdadeira obra-prima.

Chelsea Gril | Nico (1967)



O que Lou Reed, Brian Jones, Jim Morrison, Iggy Pop, Bob Dylan e Alain Delon têm em comum? A Nico! Sim, sim, esta cantora, compositora, modelo e atriz alemã já teve um envolvimento amoroso com todos eles, que - exceto por Alain Delon - contribuíram em sua carreira musical.

Em meados dos anos 60, Andy Warhol, então empresário do Velvet Undergound, propôs ao grupo ter Nico como vocalista. A banda aceitou, com uma certa relutância, e Nico fez o vocal principal em 3 faixas do disco de estréia do grupo, The Velvet Undergound And Nico. Após a turnê, em 1967, Nico e a banda seguiram rumos diferentes, o que não impediu que Lou Reed  e John Cale tivessem um papel importante na carreira solo da cantora.

Em Chelsea Gril, seu disco de estréia, Nico gravou composições de Jackson Browne, Tim Hardin, Bob Dylan e, é claro, Lou Reed e John Cale. Acontece que, devido às interferências do produtor, Nico não gostou do resultado final do álbum, e disse o seguinte:

                    "Tudo o que queria no álbum foi retirado por eles. Pedi percussão, disseram que não. Pedi mais guitarras, disseram que não. Pedi simplicidade, e eles o encheram com flautas! Trouxeram cordas também; não gostava delas, porém, podia aguentá-las. Mas a flauta! A primeira vez que ouvi o álbum, chorei, e tudo por causa da flauta."


O livro diz que:
O público não estava preparado para as obras-primas experimentais do art-rock, apresentadas por Nico e para sua atmosfera melancólica, e o álbum causou pouco impacto. Mas sua beleza desolada - e o trabalho único e provocador que Nico faria mais tarde com John Cale - fascinou gerações posteriores.


Nico e Lou Reed


Concluindo
Eu sei que estou correndo o sério risco de apanhar aqui, mas, como eu disse em uma das primeiras postagens deste blog, não sou crítica musical e o que eu escrevo aqui é um reflexo das minhas impressões pessoais sobre cada disco. Então, lá vai: na boa, se a Nico pode cantar e gravar um disco, eu também posso.

Digamos que a voz da moça não é das mais bonitas e afinadas de todos os tempos, e algo me diz que se ela não tivesse namorado com meio mundo da cena musical dos anos 60, ela não teria gravado esse disco. Ganha pontos pela autenticidade da sua voz grave e do seu sotaque carregado em uma época em que não existia Pro-Tools ou Auto Tune, mas é só.

A faixa de abertura, "The Fairest Of The Seasons", com um bonito arranjo de cordas, é uma das melhores do disco. "I'll Keep It With Mine", composta por Bob Dylan, também. "It Was A Pleasure Thing", com a microfonia das guitarras usada como efeito sonoro, me irritou um pouco.

Achei o disco um pouco chato. Concordo com a própria Nico quando ela diz que a maldita flauta estragou tudo. Talvez sem a tal da flauta e com mais guitarras, como ela queria, Chelsea Gril seria mais bacana de se ouvir. 

Beach Samba | Astrud Gilberto (1967)



Astrud Evangelina Weinert é uma filha de mãe brasileira com pai alemão, nascida na Bahia e criada no Rio de Janeiro. Em 1959, acrescentou o "Gilberto" ao seu nome, depois de se casar com o pai da Bossa Nova, João Gilberto. Em 1963, o casal se mudou para os Estados Unidos, e Astrud participou das gravações de Getz/Gilberto (disco sobre o qual já falei aqui) a convite do marido, mesmo sem nunca ter cantado profissionalmente. O sucesso de "The Girl From Ipanema" a tornou famosa no meio do jazz, e mesmo depois de se divorciar de João Gilberto e 64, continuou vivendo nos Estados Unidos, onde está até hoje. Astrud também é conhecida por seu trabalho como pintora e pelo apoio que dá a causas de proteção aos animais.


O livro diz que:
Ex-mulher de João Gilberto, Astrud tinha aberto caminho nas paradas cantando "The Girl From Ipanema", na gravação de Stan Getz. Apesar da limitação de sua voz, entre 1963 e 1967 ela trabalhou sua maneira de cantar bem articulada de forma a criar um estilo sensual, e se tornou uma estilista com uma identidade vocal original.



Concluindo
O disco começa com um delicioso convite: "Stay... and we'll make sex with music". Opa! Difícil resistir? Huuummm... Nem tanto, eu diria.

O disco é bem simples, não há nada de impressionante. Fica claro que todas as melodias foram trabalhadas em cima da voz de Astrud, que canta quase sempre no mesmo tom (quando sobe, ou desce, é bem pouquinho). O que não faz dela uma cantora ruim ou sem graça. Só não é nada que você ouça e diga "Oooohhhh!".

A melhor faixa do disco é a faixa inicial, "Stay" (sim, a própria, a da "proposta indecente"! rs). Algumas músicas, como "Oba oba" e "Tristeza (Goodbye Sadness)" são pura bossa nova; outras já vão mais pro lado do jazz, como "The Face I Love". Em "A Banda (Parade)", Astrud canta os mais diversos tipos de parada numa música que me soou como uma versão em inglês de "A Banda", do Chico Buarque (dei uma pesquisada pra ver se era isso mesmo, mas não achei nada a respeito). Há ainda um momento fofura no álbum: em "You Didn't Have To Be So Nice", Astrud canta com o filho Marcello, então com 6 anos, uma canção com um quezinho de folk. Bonitinho.

Beach Samba é um disco gostosinho de ouvir. É pra fechar os olhos e se imaginar dirigindo um conversível pela famosa Avenida Niemeyer num ensolarado fim de tarde carioca. E só.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Wild Is The Wind | Nina Simone (1966)



Se você não sabe, nunca ouviu falar, nem faz ideia de quem seja Nina Simone, vou sugerir que você comece por onde eu comecei: a inigualável interpretação de "I Loves You, Porgy".



Eunice Kathleen Waimon foi uma pianista, cantora e compositora norte-americana. Aos 20 anos, adotou seu nome artístico - Nina Simone - para que pudesse cantar blues, "a música do diabo", escondida de seus pais, que eram pastores metodistas.

Nina foi perseguida por ser negra e, por conta disso, abraçou publicamente toda e qualquer causa contra o racismo. Era uma ativista de importância tamanha que chegou a cantar no funeral de Martin Luther King. E, como infelizmente é comum a muitas das divas da música, teve uma sofrida vida pessoal: seu marido, um policial, batia nela.

Simone foi uma das primeiras artistas negras aceitas na renomada (e conservadora) Julliard School Of Music. Durante toda sua carreira, aventurou-se pelo gospel, soul, blues, folk e jazz. Ficou conhecida por ser uma íntérprete visceral, uma compositora inspirada e pelo seu modo de tocar piano, carregado de energia e perfeição.

Wild Is The Wind é seu sexto álbum lançado pela gravadora Phillips, e consiste de sobras de gravações de 1964 e 1965.

O livro diz que:
Apesar de ter sido montado a partir de sobras de gravações feitas entre 1964 e 1965, Wild Is The Wind é o melhor exemplo de como o ecletismo de Simone podia dar origem a uma obra musical coesa. O disco exibe uma variedade espantosa, com 11 faixas até então inéditas que levam a uma viagem sinuosa mas convincente por diferentes estilos e emoções.



Concluindo
O que dizer de Wild Is The Wind? O impacto que esse disco teve sobre mim foi tão grande que chega a ser difícil encontrar palavras para escrever sobre ele.

O disco começa com a animadinha "I Love Your Lovin' Ways", e aí você pensa que talvez este seja mais um daqueles gostosinhos discos de jazz. Mas logo em seguida vem "Four Women", e você imediatamente se vê transportado para os Estados Unidos em meio a uma época de segregação racial forte. Nina usa a música para falar sobre quatro estereótipos criados pela sociedade norte-americana para as mulheres afrodescendentes - a escrava, a mestiça, a prostituta e a revoltada. E você consegue se sentir na pele de cada uma delas.

Nina mescla canções mais pop, como "Break Down And Let It All Out" e "Why Keep On Breaking My Heart" com declarações de amor rasgadas e doídas, caso de "What More Can I Say" e "That's All I Ask". E, embora sejam músicas tão díspares, como o próprio livro diz, o disco é coeso. Não perde o sentido. E, principalmente, não perde a força.

O tour de force do disco fica mesmo por conta da faixa que dá nome ao álbum, "Wild Is The Wind". Pra vocês terem mais ou menos uma noção do que é essa música, digo o seguinte: já ouvi 75 discos pra este desafio. Alguns muito bons, outros nem tanto. É um número de músicas que já perdi a conta, mas nenhuma - eu disse nenhuma - até então foi capaz de fazer meus olhos se encherem de lágrimas. Sim, eu chorei ouvindo "Wild Is The Wind". É uma das músicas mais lindas que já ouvi na vida. A letra casa perfeitamente com a interpretação passional de Nina. Se você não acredita no que eu estou dizendo, ou acha que talvez eu esteja exagerando, basta ouvir pra tirar suas próprias conclusões. Impossível não se emocionar.






The Yardbirds | The Yardbirds (1966)




Falei muito rapidamente sobre The Yardbirds no post anterior. Foi daí que Eric Clapton saiu para se juntar aos John Mayall's Blues Breakers. Coincidência ou não, as duas bandas estão bem juntinhas no livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer.

Os Yardbirds surgiram em Londres, em 1963, mas só ficaram famosos mesmo depois que Clapton deixou a banda. Começaram fazendo covers dos blues de Chicago, mas também investindo num estilo próprio. Chegaram às paradas de sucesso com a canção "For Your Love", que tinha um estilo mais pop, fato que acabou desagradando Clapton e culminou na sua saída do grupo.

Foi então que Jeff Beck se juntou aos Yardbirds, na difícil posição de agradar aos fãs saudosos de Clapton enquanto lidava com produtores que não conseguiam decidir se a banda descambava pro pop de vez ou se ficava fiel às raízes no blues.

Jeff Beck


The Yardbirds é o primeiro disco da banda, lançado em 1966. É conhecido também como Roger The Engineer, por causa do desenho que o baixista Chris Dreja fez do engenheiro de som Roger Cameron, e que está na capa do disco. É o único álbum da banda composto somente por material original, e ocupa 0 349° lugar na lista dos 500 Melhores Discos de Todos os Tempos da revista Rolling Stone. Também fez parte da banda mais um lendário guitarrista, Jimmy Page, que saiu para formar os New Yardbirds, que mais tarde passariam a se chamar Led Zeppelin.


O livro diz que:
The Yardbirds (também conhecido como Roger The Engineer) mistura um blues carregado, protótipos psicodélicos, feedback e canto gregoriano com efeitos especiais.




Concluindo
Dá pra entender porque Eric Clapton saiu da banda. Se ele realmente era tão apegado ao blues como dizem, não fazia muito sentido continuar. Afinal, a pegada dos Yardbirds está muito mais pra rock que pra blues. Eu diria mais: os caras tem um pé no rock psicodélico, não dá pra negar.

O disco começa com "Lost Woman", que ainda tem um quezinho de blues. Logo em seguida vem "Over, Under, Sideways, Down", na minha opinião, a melhor faixa do disco. Em "What Do You Want" e "Ever Since The World Began", os caras parecem ter se esquecido totalmente do blues e enfiaram os dois pés no rock'n'roll. A baladinha divertida "Farewell" tem um leve jeito de canção infantil. "The Nazz Are Blue" é um belo de um blues pra ninguém botar defeito. E "Turn Into The Earth" é psicodelia pura.

The Yardbirds é um disco muito, muito bom. E a banda também é muito boa. Os destaques ficam por conta do baixo de Chris Dreja e da guitarra incendiária de Jeff Beck, sem sombra de dúvida, a alma da banda.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Mil e Um no Facebook





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Curta para acompanhar o desafio e ficar por dentro de tudo que é publicado aqui.

John Mayall's Blues Breakers With Eric Clapton | John Mayall's Blues Breakers (1966)



John Mayall's Blues Breakers é a banda pioneira do blues britânico, liderada, é claro, pelo cantor, compositor e multi-instrumentista John Mayall. O grupo foi formado em 1963, e durante toda sua carreira teve diversas formações diferentes, chegando a contar com contribuições de mais de 100 músicos ao todo.

Eric Clapton, que havia deixado os Yardbirds para se dedicar mais ao blues, se juntou à banda em 1965 e trouxe o ritmo do sul dos Estados Unidos para o primeiro plano do grupo. Em 1966, foi lançado John Mayall's Blues Breakers With Eric Clapton, que chegou ao top ten das paradas britânicas.


O livro diz que:
Na época em que John Mayall's Blues Breakers With Eric Clapton foi lançado, começaram a aparecer pichações em Londres que decretavam: "Clapton é Deus". Qualquer um que duvide da capacidade de Clapton como bluesman deve escutar esse abrasador disco de 1966, que incendiou a cena musical britânica.




Concluindo
Eu não sei qual é a distância entre o Mississipi e Londres. Mas John Mayall's Blues Breakers With Eric Clapton faz essa distância parecer bem, bem pequena.

Sem a menor sombra de dúvida, este disco é um dos melhores que já ouvi desde que este desafio começou. É blues da melhor qualidade. Seja nas variações rítmicas de "All Your Love" e "Hideaway" ou na pegada mais rock'n'roll de "Little Girl", John Mayall e sua banda não ficam devendo em nada aos grandes bluesmen americanos. O solo de bateria em "What'd I Say" é fantástico. E "Another Man", em que se ouve apenas vocais, palmas e uma gaita, é blues no seu estado mais puro.

E não dá pra falar sobre este disco sem falar sobre Eric Clapton. Ele merece um parágrafo só dele pra fechar este post.

Eu não sei se existe uma espécie de Monte Olimpo para os deuses da guitarra. Mas se existe, com certeza Etic Clapton tem um lugar de destaque por lá. Ele tinha só 21 (sim, vinte-e-um!) anos quando este disco foi gravado, e já era um puta de um bluesman. É absurdo o que ele faz com a guitarra. Mais absurdo ainda é pensar no quanto ele ainda evoluiria musicalmente depois deste disco. Indeed, Clapton is God.



terça-feira, 6 de março de 2012

The Psychedelic Sounds Of The 13th Floor Elevators | The 13th Floor Elevators (1966)



Sim, eu já conhecia The 13th Floor Elevators. Uma música, mas conhecia. Adivinha de onde?



Pois é! Mais uma vez, Rob Gordon (que no livro é Flemming) dá as caras por aqui. Não podia ter música melhor pro começo desse filme.

(E mais uma vez eu digo: se você ainda não assistiu High Fidelity, assista. Agora! Mentira, pode terminar de ler o post, e aí depois você assiste.)



The 13th Floor Elevators, banda formada no Texas nos anos 60, é conhecida por muitos como a pioneira do rock psicodélico. As ideias alucinadas de seu líder, Roky Erickson, deram ao grupo fama de transgressor. E nem poderia ser diferente em uma terra tão conservadora e religiosa como o Texas dos anos 60.

Roky Erickson é uma daquelas figuras lendárias do rock. Influenciado pela mãe, que cantava no coro de uma igreja local, antes mesmo de ser alfabetizado começou a ter aulas de piano. Aos 18 anos, compôs "You're Gonna Miss Me" e resolveu montar sua própria banda, The Spades. Quando conheceu a banda The Ligsmen, de Stacy Sutherland, resolveu que queria tocar com eles, e assim nascia o 13th Floor Elevators.

A banda teve diversos problemas com a polícia por conta de seu envolvimento com drogas, chegando a ter todos os seus equipamentos destruídos em uma ocasião.Roky Erickson chegou a ser preso e passou 3 anos em um hospital psiquiátrico, após alegar insanidade mental para fugir de uma prisão convencional.


O livro diz que:
Ao promover abertamente os benefícios dos alucinógenos na capa do disco, a banda nunca se tornaria querida pelas autoridades; a polícia do Texas chegou a desmantelar o equipamento do grupo à procura de drogas. "A busca pela sanidade em seu estado mais puro... forma a base das músicas deste álbum", diz a contracapa, mas a mistura de rock de garagem com R&B nele contida é tudo, menos saudável.




Concluindo

O álbum já começa com a sensacional "You're Gonna Miss Me" - na minha opinião, a melhor faixa do disco. Merecem destaque também "Roller Coaster", com suas variações rítmicas remetendo a uma montanha-russa de fato, e "Fire Engine", com suas reproduções vocais de uma sirene. Mas todas as 11 faixas são muito boas. O vocal de Roky Erickson dá força às canções, não dá pra negar. E o jarro amplificado de Tommy Hall - uma das características do grupo, aliás - ajuda a dar o tom de psicodelia que a banda estava buscando. 

Olha... Esse disco do 13th Floor Elevators era tudo que eu estava precisando hoje. Rock'n'roll da melhor qualidade!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Parsley, Sage, Rosemary and Thyme | Simon And Garfunkel (1966)



Momento história bonitinha aqui no Mil e Um: Paul Simon e Art Garfunkel, dois filhos da comunidade judaica do bairro do Brooklyn, em New York, se conheceram na escola, em 1953, quando faziam uma encenação de Alice No País Das Maravilhas. Simon era o Coelho Branco e Garfunkel era o Gato de Cheshire.

Começaram a compôr juntos em 1955, em 1957 fizeram sua primeira gravação profissional, "Hey Schoolgirl", quando ainda se apresentavam sob o nome de Tom and Jerry. A dupla se separou por um tempo, quando os rapazes foram para a faculdade. Mas, em 1963, já estavam juntos novamente.

Parsley, Sage, Rosemary And Thyme é o terceiro disco da dupla, lançado em 1966. O nome vem da faixa de abertura, "Scarborough Fair/Canticle", uma canção folk inglesa do século 16.

O livro diz que:
Se o álbum anterior, Sounds Of Silence, foi uma obra feita às pressas para atender ao desejo da gravadora de capitalizar o sucesso da faixa-título, Simon, desta vez, exigiu total controle, o que explica o trabalho brilhante e detalhista realizado pelo engenheiro de som Roy Halee.




Concluindo
Sabe aqueles discos que você ouve e se imagina dirigindo numa estrada linda, cheia de verde, num dia ensolarado? Parsley, Sage, Rosemary And Thyme é assim pra mim.

O disco é muito bom. Une arranjos sofisticados a melodias vocais bem elaboradas (e que, ao contrário dos Byrds, não irritam! \o/). As faixas são curtas (só uma delas ultrapassa os 3 minutos de duração) e concisas. A música de abertura, "Scarborough Fair/Canticle", não fica devendo em nada às canções de Brian Wilson. Gostei muito também de "The 59th Bridge Song (Feelin' Groovy)", "The Dangling Conversation" e "For Emily, Wherever I May Find Her".

Aftermath | The Rolling Stones (1966)



Aftermath  é o quarto álbum de disco dos Rolling Stones, e o primeiro da banda gravado inteiramente nos Estados Unidos, no lendário RCA Studios. É considerado um grande avanço artístico para o grupo, pois foi o primeiro disco só com composições da dupla Mick Jagger/Keith Richards.

Uma curiosidade sobre Aftermath é o fato de que Brian Jones toca, além da guitarra, uma variedade de instrumentos não tão comuns ao rock'n'roll, como a cítara, marimba e um tal de appalachian dulcimer (se você, assim como eu, também não faz a menor ideia do que seja isso, é só clicar aqui). O produtor Andrew Oldham fez o seguinte comentário:

                    "As contribuições de Brian Jones podem ser ouvidas em todas essas faixas gravadas no RCA. O que aquele cara não conseguia tocar, ele saía e aprendia. Você podia ouvir as 'cores' que ele encaixou em 'Lady Jane' e 'Paint It Black'".

O livro diz que:
Aftermath, ao contrário, era um álbum de verdade, sem sobras de gravações. Nele, os Stones expandiam seus limites - literalmente, no caso de "Goin' Home", ou de forma mais elaborada, em canções experimentais.




Concluindo
Nos anos 60, a coisa funcionava assim: os Beatles eram os mocinhos, e os Stones eram os bad guys do rock'n'roll. Acho que Aftermath veio, de uma certa forma,  pra consolidar essa imagem. Afinal, os Stones não tiveram medo de tocar em um assunto delicado como donas de casa viciadas em remédios em "Mother's Little Helper", nem de soarem um pouquinho machistas em "Under My Thumb".

Confesso que o álbum segurou mais a minha atenção até a faixa 6, "Goin' Home", um rock totalmente experimental de mais de 11 minutos. Merece destaque também "Lady Jane", uma balada elizabetana ao som do appalachian dulcimer de Brian Jones. Aliás, acho que é a criatividade de Jones e os novos instrumentos que ele agrega às canções que dão força às músicas. O disco é bom, vale a pena ouvir, mas, na minha opinião, ainda existem coisas mais bacanas dos Stones.

domingo, 4 de março de 2012

Freak Out! | The Mothers Of Invention (1966)



Em 1965, um novo guitarrista se juntou à banda já existente Soul Giants, e logo assumiu a liderança da mesma, convencendo os outros músicos a tocar composições próprias para que pudessem aumentar suas chances de conseguir um contrato de gravação. Assim, em pleno Dia das Mães nos EUA, a banda mudou seu nome para The Mothers. No início de 1966, o produtor Tom Wilson se interessou pelos Mothers e assinou o grupo com a Verve Records, uma divisão da MGM. Após uma certa pressão da gravadora, a banda mudou de nome, e assim nascia o The Mothers Of Invention.

Aquele guitarrista citado lá no começo do texto trata-se de Frank Zappa. É impossível falar sobre a história do rock, e da música de uma forma geral, sem falar de Zappa.



Frank Vincent Zappa é um daqueles caras que, como costuma se dizer por aí, "joga nas onze". Começou a compôr música clássica ainda no ensino médio, e em seus mais de 30 anos de carreira, se aventurou ainda pelo rock, jazz e música eletrônica e produziu quase todos os 60 álbuns que lançou com o Mothers Of Invention. E, no meio disso tudo, ainda achou tempo para desenhar algumas capas de seus álbuns e também dirigir longas metragens e videoclipes. Até hoje, Zappa é considerado um dos guitarristas mais originais de todos os tempos, influenciado músicos e compositores. Por essas e outras que ele é considerado um dos artistas mais produtivos e prolíficos da história.

Freak Out! é o primeiro disco da The Mothers Of Invention,  e o segundo álbum duplo da história da música.  Mistura rock, R&B, doo-woop, música erudita, colagens de sons experimentais e humor. A maior parte do material é de autoria de Zappa, mas os outros integrantes da banda também contribuíram.

O livro diz que:
Nascidos no coração da florescente cultura freak da Costa Oeste e contratados pelo produtor Tom Wilson, Zappa e sua banda decidiram fundir cabeças na sua estréia. E mais, o disco tinha um propósito. "Cada música tinha uma função, dentro de um conceito totalmente satírico", disse Zappa.




Concluindo
Eu pensei, de início, em classificar esse disco como uma obra Dadaísta. Uma coisa meio nonsense, sem pé nem cabeça. Mas, ouvindo com mais calma e atenção, percebi que não é esse o caso.

O disco mistura um som cru com arranjos sofisticados e letras divertidas que criticam a sociedade americana.  Tem muito, muito, muito experimentalismo, mas é uma experimentação focada, que não se perde, que não é - nem de longe - vazia. Ouvindo o disco, você nota que tudo aquilo que parece experimentação foi, na verdade, muito bem pensado por Zappa e seus companheiros de banda.

No primeiro disco (ou, pra quem está ouvindo em MP3 como eu, até a faixa 11), os Mothers misturam o rock com R&B, alguns elementos de blues, um pouquinho de arranjos de orquestra e alguns sons experimentais. As baladas "pseudo-românticas" "Go Cry On Somebody Else's Shoulder" (um belo de um passa-fora que com certeza você já teve vontade de dar em alguém), "You're Probably Wondering Why I'm Here", "Any Way The Wind Blows" e "How Could I Be Such a Fool" são simplesmente geniais! "Hungry Freaks" faz uma ácida crítica ao American Way Of Life e é em "Who Are The Brain Police?" que a banda começa a brincar com a experimentação.

É no segundo disco (a partir da faixa 12) que os Mothers resolvem experimentar de vez. "Help, I'm a Rock" me lembrou um pouco "A Love Supreme" do Coltrane, guardadas as devidas proporções jazzísticas e roqueiras. Em "It Can't Happen Here", a banda mescla o jazz a vocalizações. O álbum termina com "Return Of The Son Of The Monster Magnet", faixa que começa com um diálogo de Zappa com Susie Creamcheese e se estende por mais de 12 minutos de puro rock experimental (e que remete um pouco às músicas do Beck, principalmente dos primeiros discos).

Tudo isso faz de Freak Out! um disco diferente, divertido, marcante, enfim... Genial! Vindo de Frank Zappa, não havia como ser diferente.