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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ella Fitzgerald Sings The Gershwin Song Book | Ella Fitzgerald (1959)



Depois de Billie Holiday e Sarah Vaughan chegamos àquela que eu acredito ser a mais famosa das divas do jazz, Ella Fitzgerald. É famosa pela pureza de sua tonalidade de voz, sua dicção, fraseado e entonação impecáveis, bem como pela sua impressionante capacidade de improviso no scat (aqueles inconfundíveis "do ba loo dum ba" que Ella faz como ninguém). "Lady Ella" é considerada uma das grandes intérpretes do cancioneiro norte-americano.

Este disco faz parte do Great American Song Book, uma coleção de oito conjuntos de song books de diversos artistas lançados pela gravadora Verve. Os compositores e letristas abordados representam uma grande parte do cânone cultural americano. Entre eles estão Duke Ellington, Cole Porter e os irmãos George e Ira Gershwin. Esta série de songbooks acabou se tornando a obra mais bem sucedida de Ella Fitzgerald, sendo muito aclamada pela crítica. É, sem dúvida, sua contribuição mais significante à cultura dos Estados Unidos.

Os irmãos compositores George e Ira Gershwin escreveram para espetáculos da Broadway e também músicas populares de sucesso. George também compôs para concertos clássicos (Quem nunca ouviu "Rhapsody In Blue", ouça! Agora! De preferência, durante a sequência de abertura do filme Manhattan, de Woody Allen.). George compunha as melodias e Ira, as letras, em uma parceria que deu tão certo que até hoje muitas das músicas dos irmãos são usadas em trilhas sonoras na televisão e no cinema.


Os irmãos Gershwin


Quando Ella Fitzgerald Sings The Gershwin Song Book foi gravado, George já havia falecido. No entanto, Ira ainda estava vivo, e além de acompanhar o projeto, ajudou com letras e deu suporte em canções que nunca haviam sido gravadas. Quando o disco ficou pronto, Ira declarou que "não fazia ideia de como nossas canções eram boas, até ouvir Ella cantá-las".


O livro diz que:
Se um pouco da malícia de Cole Porter se perdeu na interpretação de Ella Fitzgerald, e nem todas as músicas de Rodgers e Hart mereceram sua atenção, mas melodias incomparáveis de Gershwin e o jeito à vontade de cantar da diva foram feitos um para o outro. A terna "Oh, Lady, Be Good!" é uma revelação, uma interpretação próxima às aulas de scat que Ella daria em seus shows durante anos; a lenta "Embraceable You" é, da mesma forma, envolvente. Mas é nas músicas rápidas que ela brilha. O swing que Ella emprestava, sem esforço, a tudo o que cantava encontra o seu melhor em "Clap Yo' Hands", "Bidin' My Time" e na deliciosa "'S Wonderful"; vale ouro o tempero que ela acrescenta à contraposição boba de salsaparilla/sasparella dos versos de Ira Gershwin em "Let's Call The Whole Thing Off". Riddle, no auge de sua criatividade depois de vários discos com Frank Sinatra, mostra-se inspirado. Este álbum é o melhor da coleção Song Book e apresenta a seleção definitiva daquele que é, talvez, o compositor americano definitivo.


Ella Ftizgerald



Concluindo
São 2 discos com 18 faixas e um com 17. Fez as contas? Sim, são 53 ao todo. Acontece que são 53 músicas muito boas. São cerca de 194 minutos em que Ella desfila todo seu talento vocal pelas composições primorosas dos Gershwin. Alguma dúvida de que vale muito a pena ouvir Ella Fitzgerald Sings The Gershwin Songbook?

Muitas das canções deste disco já faziam parte das minhas favoritas há tempos, como "The Man I Love" (que Ella canta lindamente, mais que Billie Holiday, eu acho), "Let's Call The Whole Thing Off" (a interpretação aqui é muito boa, mas continuo preferindo aquela em que Louis Armstrong a acompanha), "Someone To Watch Over Me", "They All Laughed" (deliciosa!) e "Love Is Here To Stay" (que tocará no meu casamento, se um dia eu resolver cometer a insanidade de me casar). Ou seja, podemos dizer que Ella já era uma velha conhecida minha. O que me surpreendeu neste disco é maneira como realmente existe sim um tiquinho de swing em tudo que ela canta (o livro diz isso e eu concordo plenamente), e a facilidade que ela tem para transitar por ritmos variados, como a rumba em "Just Another Rhumba", o ragtime de "The Real American Folk Song" e até uma valsinha em "By Strauss". Na lenta "Oh, Lady, Be Good", Ella está simplesmente sublime, e ainda faz uma doce interpretação de "Funny Face" (embora a de Fred Astaire no filme homônimo ainda seja imbatível pra mim). Lady Ella é espirituosa, é terna, é sexy, conforme cada canção pede.

Sei que é um disco (na verdade, 3) muito longo, mas vale a pena dedicar um tempo pra ouví-lo com o carinho e a atenção que ele merece. O casamento entre Ella Fiztgerald e os irmãos Gershwin deu muito certo, e fez de Ella Fitzgerald Sings The Gershwin Song Book um dos mais importantes discos não só do jazz, mas da música como um todo.


Faltam 490 dias.
Faltam 982 discos.

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